Destruindo todas as calúnias católicas contra o protestantismo
Por: Lucas Banzoli.
Assim como a Igreja Romana demonizou os cátaros, os judeus e os valdenses, é evidente que ela arranjaria difamações contra os protestantes a fim de persegui-los, e especialmente contra seu principal reformador, Martinho Lutero. As calúnias contra Lutero com textos forjados ou tirados vergonhosamente do contexto original são tão abundantes e variadas que o apologista protestante americano James Swan precisou criar um site inteiro gigante apenas para refutar cada uma das calúnias. Lutero é acusado pelos romanistas embusteiros de ser um beberrão, um adúltero, um homicida, um louco que disse que Jesus “adulterou” e que era para “pecar fortemente”, um gnóstico, um maçom, um maniqueu, um predecessor de Hitler, um revolucionário e, pasme, até mesmo um devoto mariano!
Algumas dessas acusações chegam a ser bem criativas, como a lenda que diz que Lutero cometeu suicídio, enquanto outros apologistas católicos afirmam que Lutero morreu de tanto beber. Sim, eles não combinam nem entre eles mesmos as difamações, e acabam caluniando com coisas contraditórias entre si. O que vale é simplesmente levantar o máximo de injúrias possíveis e deixar que os protestantes corram atrás de cada refutação. É cansativo. Além do trabalho de James Swan, que já refutou centenas de calúnias papistas contra Lutero, apologistas brasileiros como Elisson Freire tem traduzido parte dessas refutações e acrescentado outras mais. Em meu blog, há dois artigos com tabelas com dezenas de refutações, um em inglês[1], e outro em português[2]. São difamações que não acabam mais.
Como se não bastasse caluniar seu principal líder, os papistas ainda difamam todos os dias os protestantes como um todo, que são rotineiramente acusados de serem “filhos da serpente”, numa interpretação risível e patética de Gênesis 3:15, interpretação essa que já foi refutada em meu blog à luz do original hebraico e da hermenêutica[3]. Quando não estão chamando os evangélicos de “filhos da serpente”, estão chamando de “protestas”, “rebelados”, "protestontos", “evanjegues” e outros adjetivos pejorativos que dizem muito sobre o caráter dos “filhos de Maria”. A Reforma, que livrou o mundo de séculos de terror, que deu início a uma era de prosperidade, que acabou com o comércio de indulgências e que obrigou a própria Igreja Romana a se reformar internamente, é chamada de “deforma”.
Muitas dessas calúnias, além de outras tantas, provém dos tempos iniciais da Reforma. Ameaçando com a fogueira e perseguindo com a espada, o principal argumento da Igreja papal contra o movimento protestante era que a Europa precisava de uma unidade doutrinária para crescer economicamente. Para eles, somente com unidade política (o que na época implicava também em unidade religiosa) o mundo poderia entrar em uma era de prosperidade e sucesso que tanto precisava. Curiosamente, foi justamente o contrário: os países só alcançaram a tão sonhada prosperidade quando se livraram das garras da Igreja papal que, tal como uma peste, impedia seu crescimento.
Foi só depois de romperem com Roma que a Alemanha, a Inglaterra, a Noruega, a Dinamarca, a Suécia, a Finlândia, a Suíça, a Holanda e outros países influenciados pela Reforma Protestante conseguiram se desenvolver. Isso mostra que o discurso dos inquisidores era justamente o oposto da realidade. O Dr. Augustus Nicodemus corretamente definiu a Reforma Protestante como o maior movimento revolucionário da história depois da vinda de Jesus Cristo:
A Reforma Protestante libertou a verdade científica do dogma religioso da época. Vários dos grandes cientistas, como Boyle, Lineu e Newton, eram protestantes. Eu li recentemente um livro que mostrava os 53 cientistas que nos deram a ciência moderna, e 51 eram protestantes. Apenas dois eram agnósticos, e mesmo assim um deles havia dúvida. As maiores universidades do mundo, como Harvard, Oxford, Yale e Princeton, foram fundadas por protestantes. Calvino, em Genebra, abriu a primeira escola primária da Europa. O Convento de Santa Clara, que era católico, eles transformaram no primeiro hospital público da Europa, em Genebra. A Reforma Protestante foi o maior movimento revolucionário da história depois da vinda de Jesus Cristo.[4]
As razões para isso são muitas. Os protestantes fundaram a maior universidade do mundo, a famosa Universidade de Harvard, fundada em 1636 pelos reformados. O próprio John Harvard era um pastor congregacional. Harvard tirou dinheiro do próprio bolso para fundar a universidade “para a glória de Deus”, que leva seu nome até hoje. A declaração de missão da universidade era:
Cada estudante deve ser simplesmente instruído e intensamente impelido a considerar corretamente que o propósito principal de sua vida e de seus estudos é conhecer a Deus e a Jesus Cristo, que é a vida eterna (João 17:3). Consequentemente, colocar a Cristo na base é o único alicerce do conhecimento sadio e do aprendizado.[5]
A Universidade de Princeton, igualmente considerada uma das melhores do mundo, também foi fundada por evangélicos, em 1746. O governador Jonathan Belcher fundou a universidade originalmente como uma instituição presbiteriana. O historiador Marco Antonio Villa compara o Cristianismo ao Islamismo e acentua o papel importante da Reforma Protestante no avanço do Cristianismo, dizendo:
O Cristianismo teve um papel muito importante da Reforma Protestante. O século XVI muda a história do Cristianismo, e aquilo tem um reflexo direto na vida política. Nós não teríamos os Estados Unidos, da forma que se formaram, se não tivesse a Reforma Protestante do século XVI. Mas o Islamismo nunca teve uma espécie de Reforma Protestante [o que explica o seu atraso].[6]
Olavo de Carvalho, na época em que ainda não era um papista desvairado e ainda possuía sanidade mental e honestidade intelectual, admitia que o modelo de governo das igrejas protestantes criou a sociedade que gerou os avanços na liberdade e lançou as bases para o desenvolvimento econômico das nações:
Desprovidos de uma autoridade central como a do papado, os grupos religiosos independentes encontraram na convivência igualitária, no livre comércio e na fidelidade aos mandamentos evangélicos, interpretados segundo a consciência de cada qual, os princípios de uma nova ordem social e econômica que floresceu no capitalismo moderno. Nos países católicos, inversa e complementarmente, a causa da paralisia econômica não foi a moral da Igreja, mas a centralização burocrática (...) Três elementos foram decisivos para o bom resultado econômico do capitalismo: (a) a liberdade de auto-organização; (b) a homogeneidade moral, resultado da fidelidade geral ao Evangelho (tanto mais estrita porque, não havendo autoridade formal superior, a Bíblia se tornava, diretamente, o critério comum para a arbitragem de todas as disputas); (c) o ambiente de confiança, honradez e seriedade criado pelos dois fatores anteriores. Em contrapartida, o autoritarismo papal e monárquico criou sociedades anêmicas, desfibradas, intimidadas e corrompidas pela subserviência à burocracia onipotente.[7]
Há uma inegável correlação entre o protestantismo e o capitalismo, pois aquele serviu de impulso para este, e foi essencial no desenvolvimento do comércio e da indústria. Ninguém escreveu melhor sobre isso do que o alemão Max Weber (1864-1920), em sua clássica obra A ética protestante e o "espírito" do capitalismo. O trabalho de Weber foi tão extraordinário que até um historiador ateu e esquerdista admitiu que “as análises de Weber sobre o tema continuam não apenas atuais e insuperadas, como também não houve críticas capazes de mostrar qualquer falsidade nelas”[8]. Weber demonstrou que o protestantismo contribuiu fortemente para formar o moderno “homem de negócios”, tendo suas raízes na moral religiosa puritana.
Você pode pesquisar em qualquer lugar que seja, e descobrirá que um misto de boa religião com boa política é o que levou todo país desenvolvido a este nível de desenvolvimento. Qual é a nação de tradição mais evangélica do mundo? Estados Unidos. Os “Pais Fundadores” da nação americana eram crentes, mais da metade da população norte-americana é evangélica (e eram 98% até o final do século XVIII!), os Estados Unidos é o país mais protestante do mundo e um enorme celeiro de missionários a toda a terra. E, apenas por curiosidade, qual é o país mais poderoso do mundo? Você já sabe a resposta.
Podemos fazer uma pesquisa sobre os países que aderiram à Reforma Protestante e comparar com o IDH dos mesmos. Os principais países que aderiram à Reforma foram:
- Alemanha
- Suíça
- Noruega
- Dinamarca
- Suécia
- Reino Unido
- Finlândia
Quase todos estes países citados permanecem com o protestantismo sendo maioria em comparação com as demais religiões e com o ateísmo. Na Alemanha são 34%[9] (ainda assim maioria), na Suíça são 40%[10], na Noruega são 87%[11], na Dinamarca são 87%[12], na Suécia são 86%[13], no Reino Unido são 59%[14], na Finlândia são 85%[15]. Estes são os países que aderiram à Reforma Protestante e que foram moldados há séculos pelo protestantismo histórico, de tal forma que já podemos observar os resultados. E os resultados são esses:
- Alemanha: 6º Lugar no IDH.
- Suíça: 3º Lugar no IDH.
- Noruega: 1º Lugar no IDH.
- Dinamarca: 10º Lugar no IDH.
- Suécia: 12º Lugar no IDH.
- Reino Unido: 14º Lugar no IDH.
- Finlândia: 24º Lugar no IDH.
Todos os países de tradição protestante estão posicionados naquilo que é considerado “IDH Muito Alto”. O protestantismo está muito longe de ser a maior vertente religiosa do mundo. Dentre os 2,6 bilhões de cristãos no mundo, apenas 970 milhões são protestantes. Menos de 1 bilhão em um mundo com mais de 7 bilhões de pessoas. Mesmo assim, é impressionante notar que dos sete países com melhor IDH do planeta, cinco são de maioria protestante:
1º Noruega (87% protestante)[16].
2º Austrália (51% protestante)[17].
3º Suíça (46% católico)[18].
4º Holanda (33% católico)[19].
5º Estados Unidos (51% protestante)[20].
6º Alemanha (34% protestante)[21].
7º Nova Zelândia (41% protestante)[22].
Observe também que mesmo nas duas únicas exceções dentre os sete países mais desenvolvidos do mundo, a porcentagem de protestantes, embora não seja a maioria, é bem grande. Na Suíça é de 40%[23] e na Holanda é de 21%[24]. E nestes dois países houve forte influência da Reforma Protestante, que os moldou por séculos e que os levou à condição que estão hoje, mesmo que o protestantismo não seja mais a maioria nestes países.
O caso mais marcante é, provavelmente, o da Alemanha, pois foi o berço da Reforma Protestante. Martinho Lutero é até hoje considerado pelos alemães um dos fundadores do Estado Alemão Moderno. A Alemanha foi o primeiro país do mundo a assimilar bem a cultura cristã-protestante. Ela sofreu terrivelmente nas mãos de ditadores facínoras como Hitler, no passado, manchando o nome de todo o povo alemão, sendo que a maioria sequer sabia que judeus estavam morrendo em campos de concentração. Ela foi arrasada na Primeira Guerra Mundial, e depois mais arrasada ainda na Segunda Guerra Mundial.
Pense no que é perder uma guerra. Além das pessoas que morrem (o que por si só já é horrível), ainda há o enorme gasto com armas e recursos de guerra (que é descontado do pão da população), a destruição de boa parte das cidades que são bombardeadas pelo inimigo, a enorme dívida que fica como parte do tratado de paz que vem depois, a possível perda de territórios para o adversário, o desgaste da imagem da nação como um todo diante dos outros países, a desconfiança contínua das outras potências, a moral do próprio povo que vai lá para baixo pela vergonha de perder uma guerra, isso sem falar das consequências emocionais decorrentes da perda de um familiar ou amigo querido.
Tudo isso, no fim, resulta sempre em fome, em dívida externa, em atraso econômico, em um enorme tempo perdido e na necessidade de recuperar tudo o que se perdeu, para tentar voltar ao patamar que estava antes e só depois pensar em dar passos maiores. Pois bem. A Alemanha não perdeu uma guerra qualquer, ela perdeu uma Guerra Mundial, com implicações muito maiores do que uma guerra comum. Todas estas consequências negativas foram levadas a extremos. E ela não perdeu somente uma Guerra Mundial, mas duas. A Alemanha foi o único país do mundo a perder duas Guerras Mundiais e a sofrer tudo isso intensamente por duas vezes. Depois de perder a Segunda, ela estava arrasada. Todos os fatores socioeconômicos indicavam que ela se resumiria a ser um ponto negro em meio a uma Europa desenvolvida.
Mas o que aconteceu dali em diante foi surpreendente, de estremecer até os mais otimistas analistas. A Alemanha não apenas conseguiu se recuperar rapidamente de todos os efeitos colaterais causados pela perda da Segunda Guerra, mas também conseguiu voltar a ser uma grande potência europeia e mundial, estando hoje à frente dos países europeus que ganharam a Segunda Guerra! A Alemanha é hoje nada a menos que o 6º país com maior IDH do mundo[25] e é o 5º colocado no PIB mundial[26]. O que pode explicar tão espantosa reviravolta no quadro?
A resposta obviamente não é que a raça alemã seja uma “raça superior”, como se houvesse algo inato no gene do alemão (se houvesse, provavelmente teriam ganhado as guerras!). A resposta não está na questão de raça, mas na questão de cultura. A Alemanha tem uma cultura que propicia e favorece um desenvolvimento alto. Muitos outros países não têm. Simples assim. Na lógica alemã, “se alguém pode fazer isso, eu também posso”. Na lógica (ou “jeitinho”) brasileira, “se alguém pode fazer isso, por que tem que ser eu?”. Na lógica alemã, “se ninguém consegue fazer isso, eu posso ser o primeiro!”. Na lógica brasileira, “se ninguém consegue fazer isso, eu muito menos!”. Isso pode parecer irrelevante, mas é totalmente determinante quando colocado em prática por uma nação inteira. Os resultados são evidentes.
Se isso fosse uma corrida, não importa o quanto você desse de vantagem ao piloto brasileiro (que aqui chamaremos apenas alegoricamente de Rubinho), no final sempre o piloto alemão (que aqui chamaremos apenas alegoricamente de Schumacher) sempre terminaria na frente. Sempre. A não ser que eles mudem a cultura deles para pior, o que é muito difícil, pois não se muda uma cultura do dia pra noite. A cultura alemã foi moldada por séculos e mais séculos de protestantismo histórico. Foi o berço da Reforma Protestante. Foi onde Martinho Lutero nasceu, viveu e pregou. Essa cultura, transmitida adiante geração após geração (mesmo para os não-protestantes), foi lhes rendendo uma mentalidade de crescimento e desenvolvimento, bem acima dos outros países em geral.
Alguns neo-ateus e papistas tentam contestar estes fatos, que por si mesmo são incontestáveis, com refutações meia-boca, sendo a mais famosa delas uma que cita certos países da África (pobres, por sinal) que tem maioria evangélica. Seria essa a “prova” de que nem sempre o protestantismo é sinônimo de desenvolvimento? Não. Pelo contrário. Os países que citamos se tornaram protestantes há pelo menos cem anos (vários deles há muito mais tempo), enquanto os países africanos citados por eles tornaram-se protestantes há menos de um século, ou há algumas décadas. É óbvio que nenhum país se torna desenvolvido do dia pra noite, e também é óbvio que nenhuma cultura é totalmente transformada do dia pra noite. Este é um processo que leva tempo. Todas que tiveram tempo mostraram resultados extremamente positivos.
Curiosamente, a acusação deles volta-se contra eles mesmos quando observamos que estes países africanos que se tornaram protestantes nas últimas décadas também vêm tendo um crescimento econômico muito maior que a média dos outros países africanos. Os países mais protestantes da África são a África do Sul (66%) e a Nigéria (47%). Caso você queira saber, as duas maiores economias da África são... África do Sul e Nigéria[27]. Coincidência? Sim, para os ateus e católicos, “apenas coincidência”...
Outro país com muitos evangélicos é o Quênia, que desde 1961 até a década de 80 teve crescimento anual com média de 6,8%, muito acima da média do continente africano[28]. Na década de 90 sofreu inúmeros problemas, como as secas, o que reduziu este crescimento consideravelmente. A principal fonte de recursos do Quênia é a agricultura, mas só 4% da terra é arável[29], o que impede um crescimento maior. Mesmo assim, considerando todo o período que vai desde a década de 60 até hoje (2014), o Quênia mantém uma média de crescimento de 4,6%[30], maior que a média continental. Por comparação, o Brasil da era Dilma teve recentemente um crescimento negativo[31].
Se a moral protestante não influencia positivamente (ou se influencia negativamente), por que então houve grande avanço nas áreas que aderiram ao protestantismo? Por que este avanço não ocorreu simultaneamente em todas as partes do mundo, incluindo as não-cristãs? Por que, ainda hoje, todos os sete países mais desenvolvidos do mundo são países que aderiram à Reforma Protestante? Essas são perguntas que devem ser respondidas antes de acusarem Lutero de ser um “bêbado rebelado e satânico que só trouxe divisão à Igreja de Cristo”[32].
A Holanda, na primeira metade do século XVII, já era a principal potência comercial do mundo[33], superando os principais países católicos como Espanha e Portugal, que só cresciam porque roubavam todo o ouro das colônias, até não terem mais como. Depois que as riquezas da colônia acabaram, o fator catolicismo começou a surtir efeito e eles se tornaram dois dos países mais atrasados da Europa, como o são até hoje. A Austrália, país que por muito tempo foi uma colônia para onde a Inglaterra enviava os prisioneiros protestantes, é mais desenvolvida que eles. Chegar a comparar a colônia protestante (EUA) com as católicas (América Latina) já chega a ser covardia.
A Inquisição também foi bastante responsável por este atraso dos países católicos, pelas razões que deixarei para explanar amplamente no capítulo de refutações deste livro. Por hora, basta notar que o desenvolvimento dos países protestantes e o atraso dos países católicos não é um mito: é a realidade. São os fatos. É tão evidente quanto somar dois com dois. Isso mostra que o discurso utilizado pelos inquisidores para perseguir os protestantes visando o futuro da nação era, como deveríamos esperar, apenas uma desculpa esfarrapada para a intolerância religiosa. Dado o desenrolar da história, se alguma religião merecia ser coibida pela força, deveria ser a católica.
Sem conseguir provar nada no aspecto do desenvolvimento, embusteiros católicos travestidos de apologistas tem mudado a argumentação. Agora a moda é dizer que o protestantismo é o “pai do comunismo e do ateísmo”, e que por isso mereceu ter sido reprimido pelos católicos mediante a Inquisição. Essa patifaria também já foi completamente refutada em um artigo meu sobre o tema que reproduzo nas próximas linhas.
A palhaçada de circo mais conhecida como “apologética católica” no Brasil não se cansa de cair cada vez mais no ridículo: quando pensamos que não tem como afundar mais, tem sim. Se já não bastasse a jogada de marketing travestida de “história” para dizer que “a Igreja Católica construiu a civilização”, os apologistas católicos conseguiram superar o próprio Thomas Woods, e agora dizem aquilo que nem mesmo ele chegou a afirmar: que o protestantismo gera o ateísmo. Alguém precisa urgentemente avisá-los que já perderam o senso do ridículo.
Vamos logo aos fatos: se alguém está mais perto de ser o “pai” do ateísmo, este alguém é a Igreja Católica Romana, e não o protestantismo. O historiador Ivan Lins, em sua obra “A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas”, atribui às cruzadas a divulgação do ateísmo. Ele escreve: “Só começa a divulgar-se o ateísmo, na Europa medieval, no século XII, em consequência das cruzadas”[34].
Lins está certo, e isso é fácil de explicar. Pela época da primeira cruzada, o povo católico era mais fanático do que nunca, estando convicto de que Deus era católico e estaria entregando Jerusalém nas mãos dos cristãos, tirando desses “infiéis”, que eram chamados de “cães”. Este fanatismo aumentou após a vitória na primeira cruzada, quando os muçulmanos estavam desunidos internamente para vencer o inimigo em comum. Contudo, não demorou muito para que os árabes se unissem e tirassem Jerusalém das mãos dos cristãos, sem muita dificuldade. Assim, a segunda e a terceira cruzada foram um fracasso total.
A Igreja tentou se recuperar deste abalo com outras várias cruzadas: cruzada que atacava a Constantinopla cristã em vez de Jerusalém, cruzada que massacrava os “hereges” albigenses em vez de Jerusalém, cruzada que atacava o Egito em vez de Jerusalém, até cruzada de crianças teve, para serem vendidas como escravas. Quanto mais cruzadas eram feitas, maior era o fracasso obtido, e mais a instituição do papado ia sendo colocada em descrédito na opinião popular. Durante as cruzadas, são muitos os relatos históricos de cristãos renunciando para o lado dos muçulmanos por pensarem que Deus estava do lado dos seguidores de Maomé, já que os cristãos perdiam a maioria das batalhas.
Em vez do mar se abrir e do maná cair do céu, eles sofriam com a fome, praticavam canibalismo e matavam uns aos outros[35]. Não demorou muito para que aquele êxtase inicial se transformasse em frustração completa, de tal modo que depois da oitava cruzada eles não mais se reanimaram para uma próxima, deixando Jerusalém definitivamente nas mãos dos “infiéis”. Ao mesmo tempo, a palavra do papa foi colocada em dúvida, bem como sua posição de representante de Deus na terra. Afinal, o papa os tinha metido em um empreendimento fracassado, que resultou não apenas em fracasso militar, mas também econômico e moral.
Para piorar ainda mais a situação, havia a venda de indulgências para o perdão dos pecados, mediante vendedores profissionais. Na prática, estavam vendendo a salvação a dinheiro, como nos conta o renomado historiador Geoffrey Blainey, em seu best-seller “Uma Breve História do Mundo”:
A Igreja reuniu cobradores de impostos profissionais e, assim como as pessoas que hoje ajudam a angariar fundos nas instituições de caridade, eles se encarregaram de vender indulgências. Como a Igreja medieval acreditasse em castigo eterno, bem mais que a maioria dos grupos cristãos de hoje, a venda de isenções e suspensões de penas estava se contrapondo a um dos principais dogmas de sua teologia; praticamente, estava vendendo a Igreja por algumas moedas de ouro.[36]
Havia ainda, na época, a famosa e inescrupulosa venda de supostas relíquias sagradas, das quais Ivan Lins nos conta um pouco mais:
Orgulhavam-se várias localidades de possuir sapatos, camisas e, o que mais é, o próprio leite da Virgem Maria[37]! Adorava-se, em Vendôme, uma lágrima de Cristo, e, em Corbie, nada menos do que a barba de Noé[38]! Guibert, abade de Nogent, que era discípulo do grande santo Anselmo, um dos fundadores da escolástica, escreveu em meados do século XII, a propósito de um dente de leite de Nosso Senhor Jesus Cristo, um tratado que impressiona pela solidez da argumentação. Insurge-se, de fato, nesse tratado, contra o dente e o umbigo do menino Jesus, por achar – dizia com alto bom senso – que a Virgem não havia de guardar tais coisas, e nem ainda o seu próprio leite, adorado em Laon[39]. Não era, porém, só o povo, ou a parte mais atrasada do clero, que aceitava a autenticidade das mais inverossímeis relíquias. O mais alto clero não nutria, também, a menor sombra de dúvida sobre a procedência delas, como o prova o papa Alexandre II ao remeter, de presente, a Guilherme, o Conquistador, pouco antes de subjugar a Grã-Bretanha, um estandarte, ornado com um agnus Dei de ouro, contendo um fio de cabelo de São Pedro[40]![41]
É claro que todas essas sandices e aberrações morais da Igreja Romana medieval foram tirando cada vez mais a fé das pessoas menos ingênuas. Pouca gente iria ser tão tola ao ponto de se auto-proclamar “ateu” em uma época em que a Igreja matava qualquer não-católico que fosse. Isso seria suicídio, e nenhum ateu teria razões para querer ser um mártir – bastava manter as aparências, para que ninguém ficasse sabendo disso.
Foi a Reforma Protestante que deu um novo ânimo espiritual no coração daqueles que já tinham desacreditado na instituição papal. É o descrédito que a Igreja já tinha na época (antes de Lutero surgir) que explica o quão rapidamente as ideias da Reforma foram prontamente aceitas em muitos países. Ora, o descrédito que a Igreja tinha na época em que Lutero ainda era católico obviamente não era culpa de Lutero: era dela mesma. Foram os próprios erros da Igreja que a fizeram cair no ridículo aos olhos da elite intelectual da época, a qual estava apenas esperando a primeira oportunidade de se livrar desta peste. Lutero, portanto, não “criou” o ateísmo cada vez mais crescente antes dele: ele apenas deu um novo ânimo espiritual para aqueles que já haviam perdido as esperanças na Igreja Romana, e por boas razões.
Mas para “provar” que o protestantismo gera o ateísmo, os fanáticos católicos usam geralmente dados adulterados, vindos de organizações ateístas sem nenhuma credibilidade, para tentar mascarar e falsear a realidade. Dentre os países protestantes citados como exemplos de “predominância do ateísmo” pelo site de mentirosos e picaretas do "o catequista"[42], constam Noruega, Suécia, Alemanha, dentre outros. Os malandros conseguem ser tão descarados e sem escrúpulos que não citam nem um único dado em todo o artigo, ou seja, não mostram de onde vieram essas estatísticas – talvez porque tenham vindo do delírio deles. O blog “Neo-Ateísmo Delirante” já rebateu essa baboseira em um de seus artigos[43], onde refuta completamente as falsas fontes utilizadas pelos neo-ateus (e também pelos fanáticos católicos do artigo).
Ele prova que, em realidade, as fontes oficiais da Suécia atestam que 94% são luteranos, o que torna a Suécia um dos países mais crentes em Deus, em vez de um dos mais descrentes. A Noruega, por sua vez, tem 77% de luteranos, enquanto a Alemanha tem 75% de cristãos (de várias denominações), a Dinamarca tem 79% de luteranos, a República Tcheca tem 63% de cristãos, a Finlândia tem 76% de luteranos, a Islândia tem 76% de luteranos e a Inglaterra tem 59% de anglicanos. Ou seja: em vez destes serem os países mais ateus, estão entre os mais religiosos!
O maior número de ateísmo nos países citados por eles é da República Tcheca, que tem 5%, mas em compensação Portugal (historicamente católico) tem 6,5% de ateus. Isto é: um único país católico já tem mais ateus do que qualquer país historicamente protestante. Ainda podem-se mencionar outros dois países historicamente católicos que hoje tem mais ateus do que Portugal e do que qualquer país protestante, sendo eles: Uruguai (6,3% de ateus) e Cuba (7,2% de ateus). Deve ser por isso que o site de picaretas não citou nenhuma referência: porque eles sabem que as “fontes” que eles têm são de organizações seculares ateístas, e nenhuma de fontes oficiais do próprio país, ou qualquer uma que seja confiável.
Para confirmar estes dados oficiais, fiz questão de perguntar a um amigo meu que vive na Noruega há mais de vinte anos, que confirmou as minhas suspeitas de que os neo-ateus e católicos estavam usando dados adulterados. Na Noruega, esses dados trazidos pelos neo-ateus e apologistas católicos brasileiros são simplesmente ridicularizados. O pior de tudo é que o site mentiroso ainda joga toda a culpa do cientificismo em Kant (um luterano), quando muito antes de Kant já havia o católico René Descartes, o pai do relativismo, sem o qual não existiria Immanuel Kant e nem teologia liberal.
Afirmar que o protestantismo é uma “fábrica de ateus” é de uma canalhice e infâmia incomparáveis. A maioria das pessoas que se tornam ateias eram antes católicas não-praticantes, que se esfriaram tanto na fé que decidiram que não precisavam de nenhuma. Elas não vieram do protestantismo, cujo número proporcional de praticantes é bem maior. E se não fosse pelos apologistas cristãos evangélicos, os ateus já teriam dominado o mundo há muito, muito tempo.
É graças ao trabalho fenomenal de apologistas crentes como William Lane Craig, Alvin Plantinga, Alister McGrath, Norman Geisler, Frank Turek, John Lennox, Michael Licona, Paul Copan, Ravi Zacharias, Gary Habermas e N. T. Wright que o Cristianismo não está totalmente acabado no mundo. Se eu estou me esquecendo de alguém, é de mais algum evangélico. O único católico de destaque que eu me lembre é Dinesh D’Souza, mas ele está enormemente longe do tipo de católico antiprotestante que lança esse tipo de calúnia (ele inclusive considera o protestantismo uma opção legitimamente cristã).
São em suma maioria os apologistas evangélicos que fazem o Cristianismo ainda estar vivo no mundo, frente aos argumentos neo-ateístas de Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Sam Harris, Daniel Dennett, Lawrence Krauss e companhia limitada. Quando um católico quer estudar apologética para combater o ateísmo, é a literatura protestante que ele procura, porque a católica está praticamente ultrapassada e falida. Os católicos, com raras exceções, estão inteiramente dedicados a só atacar o protestantismo o tempo todo, 24h por dia, sem parar, custe o que custar.
Na medida em que avançamos na história e vemos os frutos da Reforma Protestante, vai ficando cada vez mais claro como que o protestantismo não tem nada a ver com ateísmo, mas com progresso e resistência ao mal. Os países reformados não apenas foram os que mais se desenvolveram e os que mais venceram o analfabetismo predominante na época, mas foram ainda os que mais conseguiram oferecer resistência às ameaças comunista e fascista predominantes no século XX. Os países católicos, em contrapartida, mergulharam nestes sistemas ditatoriais e infames até o pescoço.
Basta um olhar simples na História para constatar que:
- A França católica foi o primeiro país a passar por uma “revolução” (1789).
- A Itália católica foi a primeira a afundar no fascismo (1922).
- A Espanha católica foi outra a mergulhar no fascismo (1936).
- Portugal, outro país católico, também foi dominado pelo fascismo (1932).
- A Argentina católica também se atolou no fascismo (1946).
- A Cuba católica se tornou comunista (1959).
- A Polônia católica se tornou comunista (1944).
- A Angola católica se tornou comunista (1975).
- Argentina, Brasil, Colômbia, Venezuela, Peru, Cuba, Chile e Nicarágua (todos com esmagadora maioria católica) passaram por ditaduras recentes (ou ainda estão).
- Países católicos latinos (como Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela) adotam ainda hoje o bolivarianismo, um irmão gêmeo do socialismo.
- A Argentina precisou de mais de cem anos para finalmente eleger um presidente conservador de direita (nas eleições atuais), depois de atravessar os séculos com ditaduras, fascismo e socialismo que afundaram o país que antes era um dos maiores do mundo.
O exemplo do Brasil é um dos mais interessantes, pois é de conhecimento público. Além de atravessar por uma ditadura militar (1964), depois disso foi tomado pelo marxismo cultural, com um governo socialista reinando soberanamente por 14 anos consecutivos, até agora. O que a Igreja Católica fez para combater este governo? Vejamos: tem os teólogos da libertação (petistas), tem os bispos da CNBB (petistas), tem o Leonardo Boff (petista), e sim, também tem meia dúzia de padres contrários, que não seriam nada se não tivessem o apoio maciço da comunidade evangélica, de pastores conservadores no congresso e na televisão, que são praticamente a única força de resistência real à ameaça comunista, como os próprios petistas admitem[44].
É justamente porque o número de evangélicos cresceu na década de 90 para cá, que nosso governo não está tão afundado no socialismo quanto o da Venezuela e da maioria dos outros países sul-americanos, cujo número de evangélicos é irrelevante, ou seja, onde os comunistas não encontram nenhuma resistência que deva ser levada a sério. A esmagadora maioria dos votos que Dilma recebeu foi, é claro, de católicos. O fato de estes católicos serem em sua maioria de não-praticantes não suaviza essa realidade, apenas mostra que o catolicismo romano sequer tem potencial para manter seus próprios fieis na Igreja, provavelmente em função de missas monótonas, frias e sem Deus, que não atraem ninguém que queira a presença dEle.
Seja lá por que razão que o catolicismo é tão desagradável aos próprios católicos, o fato é que ele tem potencial para formar legiões de não-praticantes, os quais constituem a base de todos os regimes mais lastimáveis que existem. É necessário substituir este modelo arcaico e ultrapassado de religião por uma que funcione – que pelo menos sirva para manter seus próprios fieis na igreja e serem ali educados. No Nordeste, onde o número proporcional de evangélicos e a influência do protestantismo ali é insignificante, o PT está sentado em um trono de ouro, junto com toda a esquerda. Nas regiões onde o número de evangélicos é mais significativo, curiosamente, os votos em Dilma despencam.
A razão pela qual os países católicos quase sempre formam algum tipo de governo totalitarista é porque a própria Igreja Romana é em si mesma uma forma de totalitarismo, onde um único homem (o papa) governa como um ditador, que possui poder pleno, total, supremo e absoluto sobre a Igreja, dotado até de “infalibilidade”. Em outras palavras, o próprio catolicismo romano já é uma forma de totalitarismo, absolutismo e ditadura, o que por sua vez explica o porquê que um sistema tirânico como esse forme outros tipos de autoritarismos por onde se instala.
Compare tudo isso com os países protestantes, como os Estados Unidos. Todos os imigrantes são obrigados a jurarem não ser comunistas para poderem entrar nos Estados Unidos, e um candidato se expor abertamente como “socialista” é um verdadeiro tiro no pé, um suicídio eleitoral. Recentemente, o socialista Bernie Sanders ingressou nas primárias do Partido Democrata, causando o maior escândalo nacional e sendo notícia no mundo todo por ser o primeiro candidato à presidente abertamente socialista na história dos Estados Unidos. Ou seja: enquanto lá o escândalo é ser socialista, aqui o escândalo é não ser socialista. A diferença entre os países majoritariamente protestantes para os países católicos não é apenas visível: é assustadora, é gritante, é de saltar aos olhos.
Os países protestantes – Estados Unidos, Inglaterra, Grã-Bretanha, Canadá, Holanda, Noruega, Suécia e Dinamarca – são os que mais bravamente resistiram às ditaduras, ao fascismo, ao comunismo, ao bolivarianismo, ao ateísmo. São os que mais e melhor representam a democracia no mundo, os que têm a economia mais estável, os que apresentam os maiores índices de desenvolvimento, os que encabeçam a lista de países do 1º mundo. Graças a eles não vivemos hoje em um mundo dominado pelo mal – o mesmo em que os países católicos sempre se meteram. Isso é fato. Isso é história. O resto é chororô de fanáticos que simplesmente não suportam a realidade e por isso criam um mundo paralelo de fantasia para enganar a si mesmos, onde vivem encerrados numa torre de marfim, totalmente desconectados do mundo real em que vivemos.
O catolicismo, por seus próprios defeitos internos, não tem força nenhuma para combater o marxismo, e insistir nele para derrotar a doutrinação esquerdista é como querer usar o cadáver de um monstro morto para ajudá-lo a vencer um monstro vivo. Muito mais poderia ser escrito sobre isso, mas deixarei como recomendação de artigo a quem quiser se aprofundar no tema uma matéria de Lorraine Boettner, traduzida por Vitor Barreto e publicada no meu blog, onde o mesmo prova com argumentos históricos inquestionáveis o mesmo que está sendo examinado aqui. O artigo está disponível na nota de rodapé deste livro[45].
Para terminar, um último grupo de apologistas católicos ainda mais desesperados tem jogado a última carta na manga contra o protestantismo, já que todas as suas outras táticas falharam miseravelmente. O jeito arranjado por eles para caluniar o protestantismo foi dizer que os países protestantes são os principais a aceitar o chamado “marxismo cultural”, com ênfase ao casamento civil homossexual e à legalização do aborto. E o fato de alguns países protestantes terem caído nestes erros no século XXI de alguma forma significa que a Inquisição esteve certa em perseguir e assassinar protestantes desde o século XVI...
Em primeiro lugar, é necessário destacar o óbvio: qualquer coisa que uma nação protestante faça em nossa época não serve para justificar atrocidades cometidas há séculos atrás. Se nos próximos cem anos todos os países católicos do planeta aceitarem aborto e casamento gay, eu não seria ridículo ao ponto de afirmar que por essa razão seria correto matar católicos há quinhentos anos atrás. Este argumento, além de monstruoso, é um non sequitur. É uma ofensa à moral e ao bom senso.
Mas nós não precisamos disso para refutar essa tolice. Basta ter os dados em mãos para esmagar até a última migalha dos argumentos sofistas no que concerne a este ponto. A realidade é que os países historicamente e majoritariamente católicos foram os que mais legalizaram o aborto e o casamento homossexual até aqui (2016), mas a apologética católica faz questão de só apontar o erro dos países protestantes, misteriosamente.
Quando os Estados Unidos aprovaram o casamento gay (em 2015), uma enxurrada de sites apologéticos católicos passou a atacar furiosamente o protestantismo, como se os evangélicos fossem os culpados por isso. Nenhum deles fez menção ao fato de que a França, um dos países mais esmagadoramente católicos desde sempre, já tinha legalizado o casamento gay antes disso (em 2013). O erro só é percebido quando é praticado pelos evangélicos. Quando é praticado por católicos, eles somem (ou acusam os evangélicos mesmo assim!).
O caso dos Estados Unidos é ainda mais interessante, pois eles não legalizaram o casamento homossexual por meio de voto popular ou do congresso eleito pelo povo. Em vez disso, foi pelo voto de nove juízes da Suprema Corte, todos eles católicos ou judeus. Obama deliberadamente (de propósito) tirou todos os evangélicos da Suprema Corte, porque sabia que eles seriam os mais propensos a votar contra. Deixou lá os que eram da confiança dele. Deu no que deu. Em vez dos apologistas católicos concluírem o quão perigoso que é tirar os evangélicos do cenário político para a moralidade de um país, eles concluem que a culpa é dos evangélicos – os principais na luta contra o casamento gay nos EUA.
Enquanto isso, uma torrente de países católicos já tinha aprovado o casamento gay há muito tempo. Aconteceu com a Bélgica em 2003 (60% católica), com a Espanha em 2005 (76% católica), com Portugal em 2010 (81% católico), com a Argentina em 2010 (76% católica), com o Uruguai em 2013 (45% católico), com a já mencionada França em 2013 (83% católica), com Luxemburgo (não o técnico) em 2014 (87% católico), e por aí vai. Aconteceu com países majoritariamente protestantes também, mas só um cretino sem escrúpulos poderia culpar o protestantismo por algo que está acontecendo no mundo todo, inclusive – e principalmente – nos países católicos.
Em relação ao aborto, apenas quatro países na América Latina legalizaram o aborto até o momento: Cuba, Porto Rico, Guiana e Uruguai, todos de maioria católica[46]. Na Europa, quase todos os países legalizaram o aborto, mas isso também inclui os países católicos mais tradicionais como Bélgica, Espanha, França, Áustria, Portugal e até mesmo no quintal do papa, a Itália. Deve ser culpa do protestantismo também. Novamente, apenas um ser de monstruosa desonestidade seria capaz de culpar os evangélicos por algo que prevalece mais nos países católicos do que nos protestantes.
No fim das contas, difamações pitorescas como “o protestantismo gera o ateísmo”, “o protestantismo é o pai do comunismo” e “o protestantismo adota o marxismo cultural” só provam o desespero de um argumentador fanático e perdido que já não vê como defender uma aberração moral como a Inquisição, senão aumentando cada vez mais o número de calúnias contra as suas vítimas. O tempo provou que os inquisidores estavam errados, e agora aos assassinos só lhes restam a mentira.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
- Extraído do meu livro: "A Lenda Branca da Inquisição".
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.facebook.com/lucasbanzoli1)